segunda-feira, 7 de abril de 2014

Discurso direto e discurso indireto

Tipos de discurso e tipos de narrador

1. Leia com atenção o que a escritora Marina Colasanti escreveu sobre sua relação com um animalzinho. Perceba também que o texto apresenta o discurso indireto, isto é, há somente a presença de um narrador.

Breve história de um pequeno amor

                Coisa mais feia é pombinho que nasceu há pouco. A pele escura, frouxa, sobra no corpo como pijama de irmão maior. Penas, nem pensar. As asas pequenas, a barriguinha gorda, as costelas aparecendo, as veias, ou que seja que vai azulando por baixo da pele, tudo parece ainda por terminar. Mas o pior é a cabeça. Grande demais para o corpo – acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior -, desequilibrada sobre o pescoço magro, com um bico fino e comprido e dois olhos enormes, dois olhos saltados chegando à vida antes de todo o resto, ansiosos e meio cegos.
                Assim eram os dois. Eu os amei imediatamente.

Fonte: Colasanti, Marina. Breve história de um pequeno amor. Ilustrações Rebeca Luciani. 1 ed. São Paulo: FTD, 2013, p. 8-9.

a) No fragmento anterior o narrador só narra os fatos ou participa também deles?
O narrador narra os fatos, no entanto, em determinado trecho da história ele dá sua opinião utilizando primeira pessoa “eu acho”.
b) Retire do texto a frase em que o narrador expressa a opinião dele.
“- acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior -”.
Nesta atividade seria interessante que os alunos utilizassem um lápis colorido para pintar a frase em que o narrador expressa a opinião dele.
c) Observe que recursos o escritor utiliza no texto para destacar a frase “acho que combinaria com o pelo se o esqueleto todo fosse maior”.
O travessão.

Fique atento!
·         Quando o narrador além de contar a história ainda participa dos fatos, dizemos que é um narrador-personagem, pois apresenta o texto em primeira pessoa – eu – e utiliza-se também de travessão e aspas para sinalizar esta fala.
·         Quando temos a presença de um narrador que somente narra um fato sem participar deles – em terceira pessoa – dizemos que temos um narrador-observador.

2. Agora leia a fábula de Esopo “Os viajantes e o urso” e fique atento ao narrador.

Os Viajantes e o Urso

                Um dia dois viajantes deram de cara com um urso. O primeiro se salvou escalando uma árvore, mas o outro, sabendo que não ia conseguir vencer sozinho o urso, se jogou no chão e fingiu-se de morto. O urso se aproximou dele e começou a cheirar sua orelha, mas, convencido de que estava morto, foi embora. O amigo começou a descer da árvore e perguntou:
                - O que o urso estava cochichando em seu ouvido?
                - Ora, ele só me disse para pensar duas vezes antes de sair por aí viajando com gente que abandona os amigos na hora do perigo.
                Moral da história: A desgraça põe à prova a sinceridade e a amizade.

a) Você observou atentamente os narradores no texto “O viajante e o urso”? Então complete a legenda de acordo com o tipo de narrador encontrado: narrador-observador (terceira pessoa) ou narrador-personagem (primeira pessoa).


Narrador-observador

Narrador-personagem 1

Narrador-personagem 2

3. Leia atentamente o texto “Contos desenhados”. Depois, utilizando lápis coloridos (de cores diferentes), pinte no texto uma cor para o narrador-personagem e uma cor para o narrador-observador.

A criança que ia fazer compras

                Uma criança ia fazer compras para sua mãe.
                - Então, o que é pra  comprar?
                A mãe disse:
                - Bem, você pode comprar um pão
e um bolo
e dois pães doces
e duas amêndoas doces
e uma banana
e dois pirulitos
e cinco uvas passas
e um pouco de algodão-doce.
                Para o vendedor a criança perguntou:
                - Bem, quanto custa tudo isso?
                Ele respondeu:
                Apenas 66 centavos.

GUSTAVSSON, Per. Contos desenhados / reunidos e contados por Per Gustavsson: ilustrações de Boel Werner; (tradução de Margareta Svensson). São Paulo: Callis, 2005, p. 42-44.

4. Utilizando ainda o exemplo do texto anterior “Contos desenhados” poderemos ainda observar a presença de discurso direto e de discurso indireto.

Discurso direto
É representado pelas falas do narrador-personagem (ou somente personagem). O narrador apresenta as falas das personagens através de travessão ou aspas. São utilizados pelo narrador alguns verbos de elocução (dizer, falar, perguntar, responder, exclamar, protestar etc.) para marcar a fala da personagem.
Exemplo:
- Por que você não pediu a sua mãe? Perguntou Ana.
Marta explicou a Ana o motivo:
- Não tive coragem, sabia que minha mão não permitiria que eu saísse sozinha.

Discurso indireto
Discurso indireto é quando temos a presença de um narrador que conta a história e reproduz a fala  e as reações das personagens. É escrito normalmente em terceira pessoa. Nesse caso, o narrador se utiliza de palavras suas para reproduzir aquilo que foi dito pela personagem.

É o registro da fala da personagem, mas essa fala é contada pelo narrador. Logo, nesse tipo de discurso, os tempos verbais são modificados para que o leitor possa entender. Utiliza-se também o recurso de citar o nome de quem fez a pergunta para que o leitor não perca o referencial da personagem.
No exemplo a seguir temos a mescla do discurso direto com discurso indireto. Veja:
- Eu posso ir com você para o cinema. Perguntou Ana.
Janete prontamente respondeu:
- Claro, adoraria.

Agora vejamos como fica o texto ao utilizarmos somente discurso indireto:
Ana perguntou a Janete se poderia ir com ela ao cinema. Janete respondeu prontamente que adoraria que Ana a acompanhasse.

Há ainda o Discurso indireto livre, no qual, a narrativa é interrompida para apresentar a fala de uma personagem, mas sem utilizar recursos gráficos como as aspas e o(s) travessão(ões) do discurso direto. As falas ou até mesmo os pensamentos das personagens aparecem repentinamente durante a narração. Nesse tipo de discurso exige-se do leitor muito mais atenção à leitura.
Veja no exemplo a seguir:
Ana estava perdida olhando a paisagem, pensando naquele menino que conhecera minutos antes na quadra da escola. Será que ele a vira? Será que também se interessara por ela? Ah! Como saber! O carro continuava cortando a paisagem, rajadas de vento e grossos pingos de chuva batiam com força no vidro do carro. O menino era tão lindo.

5. Como diferenciar discurso direto de discurso indireto:
Discurso direto
Discurso indireto
Utiliza primeira ou segunda pessoa do discurso.
- Iremos ao cinema. Tu vais conosco?
Obs.: Em muitas situações de comunicação é comum utilizarmos o pronome Você (como segunda pessoa, mas o verbo conjugado em terceira pessoa). Exemplo: Você vai conosco?
Utiliza terceira pessoa.
Minha amiga me disse que iriam ao cinema e me perguntou se eu iria com eles.
Como os verbos se apresentam no discurso direto:
a) Presente do indicativo
- Comemos muitos pastéis. – Disseram meus primos.
b) No pretérito perfeito do indicativo
- Vocês já comeram os pastéis? – perguntou minha tia.
c) No futuro do presente do indicativo
- Vocês não comprarão nada na rua. – pediu a mãe.
d) No imperativo
- Comam todos os pastéis. Insistiu minha tia.
Como os verbos se apresentam no discurso indireto:
a) Pretérito perfeito do indicativo
Meus primos disseram que haviam comido muitos pastéis.
b) No pretérito-mais-que-perfeito do indicativo
Minha tia perguntou se meus primos comeram os pastéis.
c) No futuro do pretérito
A mãe pediu que seus filhos não comprassem nada na rua.
d) No pretérito imperfeito do subjuntivo
Minha tia insistiu para que meus primos comessem todos os pastéis.
Utiliza-se o uso de pronomes demonstrativos de primeira pessoa.
- Estes pastéis estão deliciosos! – Exclamou meu primo.
Utiliza pronomes demonstrativos de terceira pessoa.
O primo dela (dele) exclamou que aqueles pastéis estavam deliciosos.
Utiliza-se verbo de elocução acompanhado de sinal de pontuação (dois-pontos).
Meu primo perguntou:
- Mãe! Tem mais pastéis?
Utilização de pontuação diferenciada do discurso direto.
Meu primo perguntou para a mãe dele se tinha mais pastéis.

1.       Veja a seguir como acontece a transformação de discurso direto em discurso indireto.
Fonte: WIKIMEDIA COMMONS. Teacher Swu. Disponível em: . Acesso em: 12 mar. 2014.

Discurso direto
- Professora!
- Que é, Joãozinho?
- Eu quero dizer uma coisa muito importante.
- Fala.
- Estou com medo de assustar a senhora.
- Pode falar.
- É o papai.
- O que tem ele?
- Sei não. Ele disse que, seu eu tirar zero este mês, alguém vai levar uma surra.
Fonte: ZIRALDO. As anedotinhas do bichinho da maçã. 11 ed. São Paulo: Melhoramentos. 2004.
Agora obseve como o mesmo texto transforma-se ao utilizarmos o discurso indireto. No entanto, perceba que se preserva o mesmo sentido do texto base.

Discurso indireto
                Joãozinho falou para a professora que queria dizer uma coisa muito importante para ela. A professora pediu que ele falasse.
                No entanto, o garotou disse que estava com medo de assustá-la. Mesmo assim, ela pediu que ele falasse. Joãozinho, então, disse que era o pai, insinuando que havia algo de errado com o pai dele. A professora perguntou o que tinha com o pai.
Joãozinho, com a maior cara-de-pau, falou que não sabia de nada. Sabia apenas o que o pai havia dito que, caso ele tirasse zero naquele mês, alguém levaria uma surra. Insinuando assim que seria a professora.

Fonte: TAVARES, Roseli. Fala direta e fala indireta. Disponível em: <http://roseartseducar.blogspot.com.br/2011/11/discurso-direto-e-indireto.html>. Acesso em: 7 mar. 2013.

7. Transforme os textos que apresentam discursos diretos em discursos indiretos, fazendo as alterações necessárias.
a)
Trancado no quarto, gritei:
- Quem está aí fora?

                Alguém estava trancado no quarto e gritou pedindo quem estava lá fora.
b)
A professora quis saber:
- Por que você faltou à prova, Carlos?
A professora perguntou a Carlos porque ele havia faltado à prova ou A professor quis saber de Calor qual o motivo de ele ter faltado à prova.

c)
A freguesa perguntou ao feirante:
- Qual é o preço da abobrinha?
A freguesa perguntou ao feirante qual era o preço da abobrinha.
d)
Ricardo concordou:
- Esta é a melhor solução.
Ricardo concordou que aquela era a melhor situação.

8. O texto “Piadinha” do escritor Ziraldo apresenta mesclado discurso direto e discurso indireto, transforme-o somente em discurso indireto, fazendo as adaptações necessárias.

O João estava vendo um álbum antigo e perguntou para a mãe:
– Mãe, quem são esses dois aqui nessa foto? Essa moça de branco e esse cabeludo de
bigode ao lado dela?
E a mãe explicou:
– Sou eu e seu pai!
– Esse é que é o papai? – perguntou o menino assustado.
– Então quem é esse careca que mora com a gente?

Ziraldo. Anedotinhas do Bichinho da Maçã. 11 ed. São Paulo, Melhoramentos, 2004.
                João estava vendo um álbum antigo e observando uma das fotos questionou à mãe quem eram as duas pessoas que estavam nela. Quem era aquela moça vestida de branco e aquele homem cabeludo e de bigode que estava ao lado da mulher. A mãe explicou que era ela – a mãe dele e o pai dele.

O menino muito assustado questionou então quem era o careca que estava morando atualmente com eles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.